moda

Tal mãe, tal filha


Criança tem que vestir roupa de criança: simples, confortável, colorida. Cresci assim. Aprendi com a Dona Carmen, minha mãe. Com ela também aprendi a valorizar as ocasiões festivas com um look especial: a cada aniversário, um vestido rodado com um laço ou tiara combinando. Todas as mães querem ver seus filhos bem vestidos desde bebês, é uma forma de amor. 

As outras vítimas da moda

Na minha infância, nos anos 1980, em Faxinal do Soturno, não havia ainda muitas opções de roupas prontas e ter um look novo era um processo de escolha, feito sob medida: definir modelo, comprar tecido, levar na costureira, provar, ajustar. Na minha adolescência já não era mais assim, o vestuário infantil cresceu muito nas últimas décadas. Hoje são vários segmentos, de muitos estilos: clássico, moderninho, básico. Houve uma expansão maior quando marcas consagradas passaram a criar peças ou coleções voltadas para as crianças, além de versões infantis de roupas de coleções adultas. 

Aqui surgiu outro segmento forte, conhecido como Tal Mãe, Tal Filha(o). A proposta é atribuída a algumas celebridades estrangeiras, mas há milhares de adeptas Brasil afora. A ideia é mães e filhas/os usarem peças de roupas parecidas: mesmos modelos, mesmas estampas e cores ou até o look completo igual. As opções vão desde itens de festa (vestidos, laços e camisas), linha praia (biquínis, sungas e maiôs), pijamas, até camisetas com frases. Já há alguns anos, marcas produzem coleções exclusivas e existem lojas especializadas. 

Vítima da moda, eu?

Antes de ter filhos, eu achava cafona. Hoje me derreto. Nos primeiros meses da Cecilia, ambas usávamos blusas listradas. Quase 3 anos depois, só cresceu minha vontade de usarmos looks iguais.


Esse ano, decidi encomendar, para mim e também para a Ceci, um modelo de vestido de couro da PP Acessórios, uma marca sustentável. Quis registrar esse momento, foi divertido pensar nisso, mostrar para ela que somos uma dupla. 

Acho super válido se fizermos disso uma interação mais afetiva e lúdica, uma espécie de brincadeira esporádica que aumente os vínculos com nossos pequenos. Desde que isso não gere expectativas com relação aos filhos, como se estivéssemos transformando-os em projetos de nós mesmos, a começar pelo visual. Ora, é natural a filha se ver na mãe e tê-la como a principal referência nos primeiros anos de vida. Mas mamães devem estar conscientes de que as filhas são "pessoinhas" com individualidade e sonhos próprios. E que nosso papel nesse processo é orientá-las(os) na construção das suas personalidade e seus gostos próprios. Tento me policiar sempre nesse sentido. 

Padrão de beleza x padrão de conduta

Outra questão complexa é que reproduzir peças e formas femininas adultas pode transformar crianças em mulherzinhas, enaltecendo a sensualização precoce das crianças. É até engraçado refutar isso, já que historicamente, diz Colin Heywood (2001), até a Idade Média não havia distinção de roupas por idade (apenas conforme hierarquia social): as crianças vestiam os mesmos modelos dos adultos. Foi só após o século XVI que isso começou a mudar. 

Com o surgimento da ideia de infância no século XVIII (Iluminismo), a partir da percepção das necessidades e desejos dos pequenos, trajes específicos passaram a ser feitos: mais folgados, com tecidos mais leves e em cores mais claras. Apesar desses avanços, até as primeiras décadas do século XX, as roupas infantis ainda se assemelhavam às dos adultos. E os vestidos e calças continuavam sofisticados e inadequados para brincar. 

Hoje em dia é maravilhoso ter uma ampla oferta de estilos de roupas para crianças. Além disso, ser feliz não é cafona de nenhum jeito, não é mesmo? Então, quem tiver vontade de fazer looks coordenados com os filhos, curta enquanto eles são pitocos e se identificam com a gente, faça disso uma brincadeira. 

O biquíni que vela e revela

Quem conhece alguma marca, loja especializada ou designer na região de Santa Maria ou do Estado inteiro, deixa escrito nos comentários abaixo, ok? Já estou em busca de outro look para me divertir com minha filhota. 

Ah, e se quiser ler mais sobre moda e movimento, maternidade possível e dilemas da meia-idade, me acompanhe todos os dias no Instagram.

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